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Mulheres Negras na construção do legado da UERJ

Durante o mês de novembro a SUE homenageia algumas mulheres negras que fazem parte da construção do legado da UERJ. Nosso intuito é reverenciar a produção de conhecimento, atuação profissional, práticas e dedicação ao produzir saberes e abrir espaços para que outras mulheres se vejam neste lugar e acessem também o espaço universitário.

Lélia Gonzalez

Uma mulher negra a frente do seu tempo. Lélia Gonzales foi uma inspiradora intelectual, autora, ativista, considerada uma das principais militante do feminismo negro no país e professora. Deixou uma marca profunda na sociedade brasileira e internacional. Formada em História e Geografia pela Universidade do Estado da Guanabara (UEG), atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Gonzalez também obteve um diploma em Filosofia pela UERJ, onde se tornou uma professora inovadora e influente no Colégio de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira, o CAP Uerj.

Lélia desafiou as normas da sociedade, comprometeu-se contra o sexismo e o racismo, e conheceu conceitos poderosos como “amefricanidade” e “pretuguês”. Sua voz ressoou internacionalmente, tornando-se uma referência global.

Como cofundadora do Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN-RJ) e do Movimento Negro Unificado (MNU), Lélia desempenhou um papel vital na promoção da igualdade racial e social no Brasil. Também atraiu gerações a lutar por um mundo mais justo e inclusivo, “Ao reivindicar nossa diferença enquanto mulheres negras, enquanto amefricanas, sabemos bem o quanto trazemos em nós as marcas da exploração econômica e da subordinação racial e sexual. Por isso mesmo, trazemos conosco a marca da libertação de todos e todas. Portanto, nosso lema deve ser: organização já!”, frase que Lélia Gonzalez costumava usar em seus discursos de militância.

Lélia Gonzalez deixou um impacto duradouro. Seu nome e legado permanecem vivos, fortalecendo nossa busca por justiça, igualdade e inclusão social.

Janaína Damasceno

Professora Adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ).É coordenadora do Grupo de Pesquisa Afro Visualidades: Estéticas e Políticas da Imagem Negra. Atua no Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades (PPCULT/ UFF).

É Doutora em Antropologia Social (2013) pela USP, Mestre em Educação (2008) e Bacharel em Filosofia (1999) pela Unicamp. Realizou o pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar. Seus interesses de pesquisa incidem sobre relações entre Estética e Política; Contra Visualidades, Cultura Visual e Audiovisual na África e na Diáspora Africana. Desde novembro de 2013 é uma das coordenadoras do Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE). www.ficine.org.br. “Há oito anos me tornei professora efetiva da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense da Universidade do Estado do Rio de Janeiro FEBF/UERJ, em Duque de Caxias. Na mesma época nasceu Omar, meu filho. Ser mãe, professora e pesquisadora num país em que a universidade não é pensada para as mulheres foi e é desafiador. Outro desafio é atuar numa faculdade periférica, cujo corpo discente é constituído majoritariamente por mulheres negras da classe trabalhadora e pessoas que vivem em comunidades. Costumo dizer que nossa faculdade é um aquilombamento.” Janaína Damaceno em entrevista à revista Pesquisa FAPESP 2023.

Glória Maria Alves Ramos

É professora adjunta do Departamento de Matemática da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF/UERJ). Sua dedicação à pesquisa concentra-se no ensino e aprendizagem de Matemática nos anos iniciais e na gestão político-pedagógica em escolas públicas e particulares. Foi orientadora no subprojeto de Matemática do Programa de Residência Pedagógica da FEBF e FFP. Atualmente, ela desempenha o papel de Assessora Acadêmica na Pró-Reitoria de Políticas e Assistência Estudantis (PR4) da UERJ.

Sua notável trajetória acadêmica é marcada por diversas moções de reconhecimento:

Em 2011, recebeu uma MOÇÃO DE LOUVOR E RECONHECIMENTO pela comemoração dos 10 anos da Conferência de Durban, conferida pela Mesa Diretora da CMRJ, Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro.

Em 2009, foi agraciada com um VOTO DE LOUVOR por ocasião do jubileu de prata do 1º segmento do Ensino Fundamental do CP II, também pela Mesa Diretora da CMRJ.

Recebeu o DIPLOMA MULHER NEGRA, LATINO-AMERICANA E CARIBENHA em 2009, concedido pela ALERJ – Comissão de Combate às discriminações e preconceitos de raça, cor, etnia, religião e procedê.

Em 2008, foi honrada com a COMENDA POR DISTINÇÃO pelo Diretório Estadual do PMDB RJ, representando os Coletivos: PMDB Afro e PMDB Mulher.

Também em 2008, recebeu uma MOÇÃO DE CONGRATULAÇÃO da Câmara de Vereadores da Cidade do Rio de Janeiro.

A sua dedicação e conquistas merecem todo o reconhecimento e aplausos!

Anielle Franco

Anielle Franco é a nossa atual Ministra da Igualdade Racial do Brasil (2023), fez a sua segunda graduação em inglês e Literaturas na UERJ. Professora, jornalista, jogadora de vôlei, escritora e ativista, Anielle ingressou na UERJ em 2015. É mestre em relações étnico-raciais pelo CEFET/RJ, e doutoranda em linguística aplicada pela UFRJ.

Nos últimos anos, a atual ministra se dedicou às lutas relacionadas às questões dos direitos humanos e igualdade racial no Brasil. Uma das suas ações antes mesmo de se tornar ministra, foi a criação do Instituto Marielle Franco (Vereadora assassinada em 2018, e irmã de Anielle), a organização promove atividades culturais e diversos programas voltados para mulheres negras que querem entrar na política, como o Escola Marielles (2021) e a Plataforma Antirracista nas Eleições – PANE (2020).

No ano de 2020, escreveu o livro “Cartas para Marielle”.

Rosangela é professora adjunta no Departamento de Ciências e Fundamentos da Educação, da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Rosangela Malachias

É coordenadora do AFRODIÁSPORAS que é um Núcleo de Pesquisa sobre Mulheres Negras, Cultura Visual, Política e Educomunicação, no qual, desempenha um papel vital em que seu comprometimento é todo voltado para temas como feminismo negro, cultura visual e educomunicação.

Outro projeto que é coordenado por Rosangela é o “Conexões epistêmicas e estéticas na formação de educadoras brasileiras e sul-africanas” exemplifica seu papel ativo na moldagem de uma educação antirracista e inclusiva na UERJ.

Além de sua produção excepcional de conhecimento, queremos enfatizar a dedicação de Rosangela em criar oportunidades para que mais mulheres, especialmente aquelas historicamente sub representadas, possam ocupar espaços importantes dentro da academia.

Ao reverenciar Rosangela Malachias, celebramos não apenas uma educadora excepcional, mas também uma líder visionária que continua a inspirar e moldar o futuro da UERJ.

Rosane de Souza

Rosane de Souza é médica, é neonatologista na UTI Neonatal do Núcleo Perinatal e pediatra do ambulatório de infectologia pediátrica, no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), com 35 anos de profissão e de muito amor ao ofício. A médica tem uma longa história com a Universidade, seu pai, José Francisco de Souza, foi professor da Faculdade de Administração e Finanças da UERJ, em meados dos anos 70 e permanecendo por mais de 30 anos, ela conta que acompanhou junto ao pai o processo de implementação do sistema de cotas da UERJ. Rosane foi aluna, residente e agora médica da UERJ.

Quando perguntamos a ela sobre o seu legado na UERJ ela pontua: “Minha contribuição é ser uma mulher negra de 57 anos neste espaço. Sou de uma geração pré sistema de cotas, uma geração com pouquíssimas mulheres negras nas turmas de medicina. Em 1984, de mulher negra era eu e mais uma, pouco se falava sobre pertencimento racial nessa época”. Sobre o dia a dia como médica ela conta que médica precisa gostar muito de gente e ser profundamente interessada no ser humano e ter humildade. Até porque o médico lida com pessoas nos momentos mais delicados e vulneráveis da vida delas. O seu cotidiano atendendo rende agradáveis encontros com os pequenos, “É uma coisa muito deliciosa ver como as crianças negras reagem ao ver uma médica negra, é uma nova percepção de possibilidades para elas”, conta.

Catia Antonia Silva: Pioneira e Líder na UERJ!

Catia Antonia Silva foi a primeira mulher negra a assumir o papel de vice-reitora na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Como atual Pró-Reitora de Políticas e Assistência Estudantis (PR4), ela se destacou por suas ações afirmativas e iniciativas de assistência estudantil, concentrando esforços nos alunos em vulnerabilidade social.

Catia Antonia é Professora Titular da UERJ, vinculada ao Departamento de Geografia, e uma referência nos programas de pós-graduação em História Social e Geografia da Faculdade de Formação de Professores (FFP-UERJ).  Além disso, é líder do Grupo de Pesquisa e Extensão: Urbano, Território e Mudanças Contemporâneas, contribuindo significativamente para o avanço do conhecimento em sua área.

Com uma trajetória acadêmica rica, Catia Antonia é autora de diversos livros, incluindo “Por uma Geografia de Existências”, “Política Pública e Território” e “Metrópoles e Invisibilidades”. Sua dedicação à Geografia Urbana e à História Social do Território é notável, abordando temas como trabalho urbano, movimentos sociais, metropolização e economia política da pesca artesanal.

Além de sua excelência acadêmica, Catia Antonia também exerceu o cargo de Diretora do Departamento de Extensão da UERJ (2016-2019). Desde março de 2020, assume uma importante Pró-Reitoria de Políticas e Assistência Estudantis, mostrando seu compromisso contínuo com o bem-estar e o progresso dos estudantes. Dedicamos a nossa homenagem a essa líder visionária que continua inspirando a comunidade acadêmica da UERJ.

Luanda Moraes – Engenheira Química e Líder na Ampliação da Educação Superior

Luanda Silva de Moraes, é engenheira química, professora adjunta do Departamento de Materiais e pesquisadora. É mais uma das mulheres negras que fazem parte do legado da UERJ.  Luanda foi reitora da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO) e participou ativamente do processo de incorporação da UEZO à UERJ em 2022. A UEZO tornou-se UERJ-ZO, garantindo assim a ampliação da oferta de ensino superior público, inclusivo e de qualidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Atualmente Superintendente de Unidades Estratégicas (SUE/UERJ), um órgão vinculado à reitoria da Universidade, criado com o objetivo de estimular a integração das unidades externas estratégicas da Instituição.

Nascida em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio de Janeiro, Luanda estudou em escolas públicas e se formou em Engenharia Química pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em 2002. Após a graduação, ela fez mestrado e doutorado em Ciências e Tecnologia de Polímeros, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O pós-doutorado foi na UERJ. Sua pesquisa na área da Química tem ênfase em síntese e caracterização de materiais poliméricos. A professora Luanda tem atuação também no Movimento Negro. “Minhas referências familiares foram meu incentivo. Meus pais e meus tios sempre participaram do movimento negro na década de 1970 e 1980. Eles tiveram participação nos resultados da Lei contra o racismo, dos avanços que nós temos, da lei das ações afirmativas e reparatórias. Ter uma família engajada foi fundamental para mim, para os meus irmãos e para os meus primos”, em entrevista concedida à Revista Raça.

Trajetória Inspiradora: Genciara Marinho e sua Contribuição na Construção da UERJ

A história de Genciara Marinho na UERJ é uma jornada marcada por superação, dedicação e conquistas notáveis. Ingressando na universidade aos 27 anos, ela enfrentou desafios desde o início e ganhou várias conquistas durante seus 27 anos de servidora da Universidade.

Genciara desempenhou um papel crucial na criação do Pré-Vestibular do Sintuperj, destacando-se como figura ativa no movimento sindical. Sua iniciativa foi fundamental ao proporcionar oportunidades educacionais para servidores e seus dependentes, abrindo caminhos para o ensino superior. Graças a sua dedicação, o Pré-vestibular do Sintuperj hoje atrai um público anual de 400 estudantes, e aproximadamente 120 desses alunos conseguem ser aprovados nos vestibulares das Universidades Públicas do Estado. A contribuição de Genciara é, portanto, um legado educacional valioso que continua a impactar positivamente a comunidade.

Instituto de Artes: Um Paraíso de Realizações

Mais tarde, Genciara foi uma das peças-chave na criação do Instituto de Artes. Descrevendo esse período como um verdadeiro “paraíso”, ela compartilha como o ambiente leve e o trabalho prazeroso marcaram essa fase da sua carreira.

Assessora na Reitoria no pleito 2008 a 2012 e 2012 a 2014:

Em 2008, Genciara assumiu o papel de assessora na Reitoria, desempenhando uma função crucial no diálogo entre o SINTUPERJ e a Administração Central da Universidade. Sua habilidade em mediar conflitos e buscar soluções colaborativas contribuiu significativamente para o fortalecimento das relações na Instituição. Atualmente trabalha como técnico-administrativo e professora no Instituto de Formação Humana (IFHT).

A trajetória de Genciara Marinho é uma fonte de inspiração, destacando a importância de enfrentar desafios e contribuir para a construção de espaços inclusivos na Universidade. Seu legado é um testemunho do poder da resiliência e da dedicação à educação.

São essas nove mulheres que fizeram a diferença e deixaram um legado na Uerj. Parabenizamos e homenageamos à todas elas que fizeram história dentro e fora da Uerj.

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